[...] aquele lenço quadrangular que podia vir em cores diferentes mas se popularizou em vermelho (mesmo em terras do norte) porque é uma cor que também vai bem com tudo e tem a vantagem de dar sempre um toque de jovialidade. A toda a volta, as listas brancas e algumas pretas rematavam uma certa graciosidade, que o trabalhador, lá por ser rural, também não tinha que dispensar. Fosse ele lavrador ou cabreiro, destinado estivesse à ceifa ou à vindima. E talvez por isso tenha passado a integrar, até hoje, a fatiota dançável de diversos grupos de folclore.
Ainda durante o reinado de D. José I, em 1774, instalou-se em Alcobaça aquela que viria a ser uma importante fábrica de “lenços, cambraias e fazendas brancas”, e que havia de produzir este modelo, batizado por isso “O Alcobaça”.
E é por volta de 1815-18 que se fixa e aperfeiçoa o célebre lenço, chamado “O Alcobaça”. A procura acentuada deste, dito tabaqueiro, “obriga” a que se fabriquem padrões, com 8, 10, 12, 14 e 18 cores.
Em 1820, é que se operou uma alteração mais acentuada no vestuário masculino. O innovador vintista, o “de vinte”, vestia casaca de briche e tromblon (chapéu alto de pêlo), calça larga até à bota, collete de baetão pardo, castanho ou vermelho, abotoado de prata, bota de presilhas cahidas, collarinho de bretanha e lenço ramalhudo de Alcobaça. (LELLO, 1901, 54. Grifo nosso).
Textos: Giovani Primieri | Fotos: Lidiane Hein | Diagramação: Lucas Negri
Fonte: PRIMIERI, Giovani. Indumentária Gaúcha - dos Bailes Antigos aos Tablados. Porto Alegre: Martins Livreiro-Editora, 2022.