Espécie de tanga elegante, usada, de diversos panos, pelo gaúcho, desde o mais fino ao mais grosseiro. Costumava-se dizer “Filho de china é piá, côvado e meio de pano é chiripá”. (JACQUES, 1912, p. 167)
Côvado foi uma medida de comprimento usada por diversas civilizações antigas. Era baseado no comprimento do antebraço, da ponta do dedo médio até o cotovelo. O côvado era usado regularmente por vários povos antigos, entre eles os babilônios, egípcios e hebreus. O côvado real dos antigos egípcios media 50 cm. O dos romanos media 45 cm.
Numa linha histórica, essa peça tem origem anterior daquele chiripá tido como fralda, no entanto, continuou a ser usado mesmo depois da introdução deste último, decaindo aos poucos até sua completa extinção como costume.
Segundo Paixão Côrtes (1978) nos Campos de Cima da Serra, Planalto Médio e Alto Uruguai, o chiripá da fronteira (fralda) não teve uso, sendo assim, entendemos que, nessas regiões, a transição do chiripá para a bombacha deu-se do saiote e não do tipo fralda. Obviamente, estamos falando de peças icônicas, pois a calça transitou nos costumes em todas essas épocas em variáveis tipos, no nosso entendimento, a calça não identifica necessariamente o gaúcho como os chiripás e a bombacha.
O saiote, tipificado como indumentária do gaúcho, foi retratado nas telas de Debret, no entanto, diferente de todas as descrições dos demais viajantes e informantes que descrevem o saiote como sendo de comprimento na altura mediana dos joelhos, Debret ilustrou os saiotes um tanto curtos, o que dá margem para alguns historiadores teorizarem que o pintor não viu pessoalmente tais peças, valendo-se de descrições de outrem.
Jean Baptiste Debret, Gaúchos condutores de Tropas – Charruas Civilizados. 1834.
FUNCIONALIDADE:
Cobrir a parte superior das pernas, o transpasse da direita para a esquerda é funcional para quem monta a cavalo, já que sempre se monta pela esquerda. Seu comprimento (meio do joelho) é funcional à mobilidade.
COMO USAR:
Sobre as ceroulas (franjadas ou não), vestindo-se da direita para a esquerda em transpasse que termina sobre a perna esquerda. Preso por cordões na cintura e sob a faixa brasileira, ou guaiaca, ou ainda, por ambas.
TECIDOS:
Algodão, linho, lã e mesclas (picote), de diversas qualidades e em padrões lisos.
CORES:
Sóbrias e neutras, como cinza, marrom, bege em seus variados tons; frias, como verdes e azuis; e as quentes como as rubras e mostardas (para as cores quentes e frias usar do bom senso é fundamental para não aparecer nos tablados saiotes “azul calcinha” “laranja canetinha” e etc.); não se empregavam aviamentos.
CORTE E COSTURA:
Em média, se o pano for enfestado (hoje o pano enfestado mede em média 1,5m) precisaremos da altura medida entre a cintura e o joelho e mais uma diferença para tirar as “tiras” que amarram a peça, observando que quanto maior a medida da cintura, mais pano será necessário. É comum fazer-se pequenas pregas (sem pesponto) em torno de toda a parte superior da peça para deixá-la mais folgada nas cadeiras. A barra pode ter bainha simples ou pequenas franjas desfiadas da própria peça (em torno de 2 dedos).
DIMENSÕES DA PEÇA:
Na altura (comprimento) vai da cintura até metade dos joelhos, observando a facilidade de movimentação, a peça é “enrolada” no corpo mais ou menos em uma volta e um terço em torno da cintura;
Textos: Giovani Primieri | Fotos: Lidiane Hein | Diagramação: Lucas Negri
Fonte: PRIMIERI, Giovani. Indumentária Gaúcha - dos Bailes Antigos aos Tablados. Porto Alegre: Martins Livreiro-Editora, 2022.